sábado, 16 de fevereiro de 2008

OS MANUSCRITOS DO MAR MORTO

Uma comunidade sectária que era contemporânea de Jesus, os Essênios, escondeu toda a sua biblioteca em 11 cavernas em Wadi Qumran (entre o Mar Morto e Jericó) na iminência da invasão romana em 70 d.C.. Esta biblioteca foi descoberta em 1947 por um jovem pastor beduíno. “Somando tudo, os milhares de fragmentos de manuscritos constituíam os restos de 600 manuscritos”! Estima-se que os textos variam entre 250 a.C. e 70 d.C., e contém quase todos os livros do AT (os mais antigos em existência), além de vários documentos que regulavam a vida e a crença da comunidade dos Essênios.

Dos inúmeros manuscritos pertinentes ao AT, dois deles se destacam: um fragmento do livro de Samuel, tido como o mais antigo texto em Hebraico Bíblico (após o papiro Nash), datando do séc. IV a.C., e o Rolo do livro de Isaías, completo. Esse rolo aproximou-se em 95% ao nosso livro de Isaías vindo dos Massoretas. Estes 5% de diferença foram apenas variações mínimas de ortografia que ocorreram entre a produção do Rolo de Isaías e o Texto Massorético.



QUAL A IMPORTÂNCIA DESSA DESCOBERTA?

Para se ter uma idéia do valor daqueles rolos, basta saber que os mais antigos manuscritos em hebraico que tínhamos do AT datavam do ano 916 d.C.. Porém, dispúnhamos também de duas tradições mais antigas que esses manuscritos: a tradução da Bíblia hebraica para o grego, realizada por 70 sábios (daí o nome: Septuaginta), por volta de 250 a.C. e a tradução da Bíblia hebraica para o latim, realizada pelo erudito cristão Jerônimo, no século IV d.C. (conhecida como Vulgata). Diante disso, os críticos da Bíblia, os perseguidores das Escrituras Sagradas, apresentavam o seguinte problema: “Como se pode confiar no AT se a cópia mais antiga que temos dele foi escrita nove séculos após o tempo em que viveu Jesus Cristo? Como podemos saber se esse texto hebreu corresponde ao texto redigido há tantos séculos pelos profetas – escritores do AT, que viveram no mínimo, em época 400 anos anterior à época do próprio Jesus? Quem nos garante que do tempo de Jesus até o ano 900 não houve alterações no que está escrito no AT”?

Foram os rolos encontrados à margem do Mar Morto que trouxeram resposta para todas essas perguntas. Deus havia providenciado para que aqueles documentos aparecessem exatamente em uma época em que a autenticidade de sua palavra estava sendo posta em dúvida. Não só naquela caverna, mas em outras dez, descobertas nos anos seguintes a 1947, foram encontrados pergaminhos e papiros, guardados segundo o mesmo processo dos primeiros.

OS CÓDICES DO NOVO TESTAMENTO E DO ANTIGO TESTAMENTO

No final do Império Romano e durante toda a Idade Média, a transmissão do saber humano se fez por meio de códices, livros manuscritos, geralmente em pergaminho, que constituem autênticas obras de arte.

Os códices vieram substituir os rolos (papiros enrolados em um cilindro de madeira) comumente utilizados na antiguidade. Tábuas retangulares de madeira, revestidas de cera e unidas por cordões ou anéis, foram utilizadas pelos gregos e romanos para receberem registros contábeis ou textos didáticos; são os antepassados imediatos dos códices. A substituição do papiro pelo pergaminho, a partir do século IV, difundiu o códice como suporte para a escrita.

Os manuscritos do NT se dividem em três categorias: (1) Alexandrino: um grupo de textos antigos e bem reconhecidos, incluindo-se o Códice Vaticano e Sinaítico; (2) Ocidental: são textos muito antigos, mas estão mais propensos a parafrasear e outras corrupções; e (3) Bizantino: uma vasta maioria dos manuscritos, especialmente aqueles produzidos depois do V século.
CÓDICES MAIS IMPORTANTES

Códice Alexandrino, ou A, do séc. V, e contém todo o NT.
Códice Bezae, ou B, também do séc. V e contém os quatro evangelhos e Atos.
Códice de Oxirrinco (Egito) são vários fragmentos de toda sorte de material escrito, inclusive porções do NT: Mateus, João e Hebreus.
Códice do Cairo (Códice Cairensis), de 895 anno Domini (AD), contém os profetas anteriores e posteriores do AT.
Códice Leningradense dos Profetas, datado de 916 AD, contém Isaías, Jeremias, Ezequiel e os doze profetas menores.
Códice Leningradense (Códice Babylonicus Petropolitanus), datado de 1008 AD, é o mais importante manuscrito do AT e representa a cópia hebraica mais antiga do AT completo.
Códice Sinaítico, datado de c. 350 d.C. e contém também todo o NT.
Códice Vaticanus. datado do ano 350 AD. Ele contém o NT inteiro, exceto Hebreus 9:13 até o fim, I e II Timóteo, Tito e Apocalipse. Além do mais, ele contém todo o AT, mas em Grego, exceto os primeiros capítulos de Gênesis e vários Salmos.
Códice Washington (W), também do séc. V, e contém apenas os quatro evangelhos.
O Papiro Nash é um texto devocional e/ou litúrgico contendo os dez mandamentos (Ex 20:2-17; 5:6-21) e o shemah (Dt 6:4-9). É datado entre 150 a.C. e 68 d.C.
Os Fragmentos da "Genizah" do Cairo (VI - VIII d.C.) foram encontrados em um antigo depósito para texto sagrados em uma antiga sinagoga no Egito.
Papiro Bodmer, datado de c. 220 AD, contém os evangelhos de Lucas e João.
Papiros Chesser Beatty (nome do comprador), contém porções do NT: os quatro evangelhos e Atos, todas as epístolas paulinas e Hebreus e Apocalipse 9-17.

As evidências dos manuscritos do Novo Testamento são impressionantes. Existem mais de 24,000 cópias conhecidas, dos quais 5,366 são do Novo Testamento grego. Alguns destes datam dos séculos II e III. Não há nenhum outro escrito importante da antiguidade cujas cópias datam tão próximo da do original.

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