sábado, 9 de fevereiro de 2008

A FORMAÇÃO DO ANTIGO TESTAMENTO

O cânon é o resultado de um acrescentamento gradual. Não foi a autoridade eclesiástica que o criou; o que ela fez foi formalmente sancionar e fixar aquela coleção de escritos, que vinham sendo reconhecidos como divinos.

Há 24 livros no cânon hebreu. Esses livros são divididos em três partes: Lei (Tora), Profetas e Escritos. Algumas pistas da história sugerem que o povo judeu levou séculos para definir os 24 livros que foram incluídos em sua Bíblia, desde aproximadamente 600 a.C. até o primeiro século d.C.

Vem primeiramente a Lei, e essa prioridade (indicando um processo gradual de canonização) é confirmada pela reverência excepcional que, em todos os tempos, os judeus dedicaram a esta parte dos seus sagrados escritos (Sl 119).

É certo que Esdras teve alguma parte na formação do Cânon. Mas como o Cânon inclui os livros de Esdras e Neemias, deve tê-lo deixado incompleto.

A leitura do evangelho torna evidente que o Cânon estava completo muito antes do ano 90 (A.D.). Não é preciso falar aqui da reverência que Cristo e os seus apóstolos votaram às Escrituras do AT, nem dizer até que ponto, ou por citações ou por alusões, as mesmas Escrituras se difundem no NT.

ORGANIZANDO O ANTIGO TESTAMENTO

O AT protestante é idêntico à Bíblia hebraica, embora os livros sejam organizados de forma diferente. Na Igreja Católica Romana e nas Igrejas Ortodoxas Orientais, o AT inclui vários outros livros antigos de autoria judaica. Esses livros adicionais, conhecidos como Apócrifos ou Deuterocanônicos, apareceram numa das primeiras traduções gregas dos escritos sagrados dos judeus, mas os judeus logo decidiram não mantê-los em sua Bíblia. Os protestantes, mais tarde, seguiram a mesma decisão e os mantiveram fora da sua Bíblia.

Uma passagem bíblica que pode ter influenciado os judeus na hora de decidir quais livros proféticos tinham a aprovação de Deus é Dt 18.22.

As Escrituras hebraicas (24 livros)
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A Lei
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Gênesis
Êxodo
Levítico
Números
Deuteronômio
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Os Profetas
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Profetas Anteriores
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Josué
Juízes
Samuel
Reis
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Profetas Posteriores
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Isaías
Jeremias
Ezequiel
Os Doze (uma coleção que inclui Oséias, Joel, Amós, Obadias, Jonas, Miquéias, Naum, Habacuque, Sofonias, Ageu, Zacarias e Malaquias)
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Os Escritos
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Salmos

Provérbios
Rute
Cântico dos Cânticos
Eclesiastes
Lamentações
Ester
Daniel
Esdras-Neemias
Crônicas
Ageu
Zacarias
Malaquias

O AT Protestante (39 livros)
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História
---------------
Gênesis
Êxodo
Levítico
Números
Deuteronômio
-------------------------
Josué
Juízes
Rute
1,2Samuel
1,2Reis
1,2Crônicas
Esdras
Neemias
Ester
------------
Poesia
------------

Salmos
Provérbios
Eclesiastes
Cântico dos Cânticos
---------------
Profecia
----------------
Isaías
Jeremias
Lamentações
Ezequiel
Daniel
Oséias
Joel
Amós
Obadias
Jonas
Miquéias
Naum
Habacuque
Sofonias

LIVROS QUE NÃO FORAM ACEITOS

Apócrifos

A Vulgata Latina, a Bíblia da Igreja Romana, contém em adição aos livros do Cânon hebraico os seguintes: Tobias; Judite; Ester 10.4 a 16.24; a Sabedoria de Salomão; a Sabedoria de Jesus Ben Siraque ou o Eclesiástico; Baruque; o Cântico dos três Meninos, a História de Susana, Bel e o Dragão, adicionados ao livro de Daniel; a Oração de Manasses, e 3º e 4º de Esdras, colocados no fim do NT; (o 1º e 2º de Esdras da Vulgata são os livros canônicos de Esdras e Neemias); e 1º e 2º dos Macabeus.

O termo “Apócrifo” significa “oculto” e designa propriamente livros que tratam de coisas secretas, misteriosas, ocultas. Livros de um caráter apocalíptico, tratando dos mistérios e do mundo espiritual, e revelando de maneira simbólica e alegórica o futuro de Israel.

VERSÕES DO ANTIGO TESTAMENTO

Texto Massorético – Em virtude do trabalho dos massoretas e dos seus predecessores, desde o fim do primeiro século em diante, o texto hebraico foi transmitido como que por um canal para isso preparado e livre da possibilidade da corrupção. Deram-nos com extraordinária fidelidade o que receberam.

Targum – Quando voltaram do cativeiro babilônico, os judeus tinham em grande parte perdido o uso da sua própria língua. Era, portanto, necessário ler-lhes não só as Escrituras no original, como também dar a verdadeira significação do texto (Ne 8.8).

Septuaginta – Versão também chamada dos “Setenta”, foi a primeira tradução da Bíblia, feita no Egito por judeus de Alexandria a pedido do rei Ptolomeu II – os primeiros cristãos usavam a Septuaginta quando se referiam à Bíblia hebraica. No NT, que foi escrito em grego, quase todas as citações das antigas Escrituras são tiradas da Septuaginta.

Bibliografia:

§ Miller, Stephen M. e Huber, Robert V.; A Bíblia e sua história, Barueri, SP: Sociedade Bíblica do Brasil, 2006.
§ Angus, Joseph; História, Doutrina e Interpretação da Bíblia, São Paulo: Hagnos, 2004

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