domingo, 17 de fevereiro de 2008
sábado, 16 de fevereiro de 2008
OS ESSÊNIOS
Os essênios, aparentemente, romperam todas as ligações com outros judeus em torno do ano 152 a.C., quando um líder judeu na vitoriosa guerra de independência da Síria declarou-se o novo Grande Sacerdote. Como os saduceus e os fariseus, os essênios representavam um ramo distinto da fé judaica, assim como batistas, anglicanos e católicos representam diferentes formas de cristianismo.
Quando se apartaram da sociedade judaica, os essênios levaram consigo escritos judaicos sagrados, que eles preservaram fazendo cópias dos mesmos. Soldados romanos que esmagavam uma rebelião nacional judaica dizimaram a aldeia no ano 68 d.C.. Os essênios ocupavam um local privilegiado no alto desfiladeiro e, provavelmente, tenham podido ver o exército se aproximando a quilômetros de distância. Foi, talvez, nesses momentos de tensão que os líderes do povoado decidiram esconder os rolos nas cavernas próximas.
Muros destruídos pelo fogo e pontas de flechas romanas encontradas nas ruínas de Qumran confirmam que a aldeia teve um fim violento.
OS MANUSCRITOS DO MAR MORTO

Dos inúmeros manuscritos pertinentes ao AT, dois deles se destacam: um fragmento do livro de Samuel, tido como o mais antigo texto em Hebraico Bíblico (após o papiro Nash), datando do séc. IV a.C., e o Rolo do livro de Isaías, completo. Esse rolo aproximou-se em 95% ao nosso livro de Isaías vindo dos Massoretas. Estes 5% de diferença foram apenas variações mínimas de ortografia que ocorreram entre a produção do Rolo de Isaías e o Texto Massorético.

Foram os rolos encontrados à margem do Mar Morto que trouxeram resposta para todas essas perguntas. Deus havia providenciado para que aqueles documentos aparecessem exatamente em uma época em que a autenticidade de sua palavra estava sendo posta em dúvida. Não só naquela caverna, mas em outras dez, descobertas nos anos seguintes a 1947, foram encontrados pergaminhos e papiros, guardados segundo o mesmo processo dos primeiros.
OS CÓDICES DO NOVO TESTAMENTO E DO ANTIGO TESTAMENTO
No final do Império Romano e durante toda a Idade Média, a transmissão do saber humano se fez por meio de códices, livros manuscritos, geralmente em pergaminho, que constituem autênticas obras de arte.
Os códices vieram substituir os rolos (papiros enrolados em um cilindro de madeira) comumente utilizados na antiguidade. Tábuas retangulares de madeira, revestidas de cera e unidas por cordões ou anéis, foram utilizadas pelos gregos e romanos para receberem registros contábeis ou textos didáticos; são os antepassados imediatos dos códices. A substituição do papiro pelo pergaminho, a partir do século IV, difundiu o códice como suporte para a escrita.
Os manuscritos do NT se dividem em três categorias: (1) Alexandrino: um grupo de textos antigos e bem reconhecidos, incluindo-se o Códice Vaticano e Sinaítico; (2) Ocidental: são textos muito antigos, mas estão mais propensos a parafrasear e outras corrupções; e (3) Bizantino: uma vasta maioria dos manuscritos, especialmente aqueles produzidos depois do V século.
Códice Alexandrino, ou A, do séc. V, e contém todo o NT.
Códice Bezae, ou B, também do séc. V e contém os quatro evangelhos e Atos.
Códice de Oxirrinco (Egito) são vários fragmentos de toda sorte de material escrito, inclusive porções do NT: Mateus, João e Hebreus.
Códice do Cairo (Códice Cairensis), de 895 anno Domini (AD), contém os profetas anteriores e posteriores do AT.
Códice Leningradense dos Profetas, datado de 916 AD, contém Isaías, Jeremias, Ezequiel e os doze profetas menores.
Códice Leningradense (Códice Babylonicus Petropolitanus), datado de 1008 AD, é o mais importante manuscrito do AT e representa a cópia hebraica mais antiga do AT completo.
Códice Sinaítico, datado de c. 350 d.C. e contém também todo o NT.
Códice Vaticanus. datado do ano 350 AD. Ele contém o NT inteiro, exceto Hebreus 9:13 até o fim, I e II Timóteo, Tito e Apocalipse. Além do mais, ele contém todo o AT, mas em Grego, exceto os primeiros capítulos de Gênesis e vários Salmos.
Códice Washington (W), também do séc. V, e contém apenas os quatro evangelhos.
O Papiro Nash é um texto devocional e/ou litúrgico contendo os dez mandamentos (Ex 20:2-17; 5:6-21) e o shemah (Dt 6:4-9). É datado entre 150 a.C. e 68 d.C.
Os Fragmentos da "Genizah" do Cairo (VI - VIII d.C.) foram encontrados em um antigo depósito para texto sagrados em uma antiga sinagoga no Egito.
Papiro Bodmer, datado de c. 220 AD, contém os evangelhos de Lucas e João.
Papiros Chesser Beatty (nome do comprador), contém porções do NT: os quatro evangelhos e Atos, todas as epístolas paulinas e Hebreus e Apocalipse 9-17.
As evidências dos manuscritos do Novo Testamento são impressionantes. Existem mais de 24,000 cópias conhecidas, dos quais 5,366 são do Novo Testamento grego. Alguns destes datam dos séculos II e III. Não há nenhum outro escrito importante da antiguidade cujas cópias datam tão próximo da do original.
quinta-feira, 14 de fevereiro de 2008
OS PAIS APOSTÓLICOS
Várias hipóteses já foram levantadas sobre Clemente para identificá-lo. Para alguns, ele pertencia à família real. Para outros, era colaborador do apóstolo Paulo. Outros ainda sugeriram que ele escreveu a carta aos Hebreus. Em verdade, as informações a respeito de Clemente de Roma vão desde lendárias a testemunhas fidedignas. Alguns pais, como Orígenes, Euzébio de Cesaréia, Jerônimo, Irineu de Leão, entre outros, aceitaram como verdadeira a identificação de Clemente de Roma como colaborador do apóstolo Paulo.
A sua principal obra é uma carta redigida em grego, endereçada aos crentes da cidade de Corinto, mais ou menos no final do reinado de Domiciano (81-96) ou no começo do reino de Nerva (96-98). A epístola trata, principalmente, da ordem e da paz na igreja. Seu conteúdo traz à tona o fato de os crentes formarem um corpo em Cristo, logo deve reinar nesse corpo a unidade, e não a desordem, pois Deus deseja a ordem em suas alianças. Traz, ainda, a analogia da adoração ordeira do antigo Israel e do princípio apostólico de apontar uma continuidade de homens de boa reputação.
INÁCIO DE ANTIOQUIA (?? – 117)
Mesmo sendo de Antioquia, seu nome, Ignacius, deriva-se do latim: igne: “fogo”, e natus: “nascido”. Conforme seu nome sugere, Inácio era um homem nascido do fogo, ardente, apaixonado por Cristo. Segundo Euzébio, após a morte de Evódio, que teria sido o primeiro bispo de Antioquia, Inácio fora nomeado o segundo bispo dessa influente cidade.
Inácio escreveu algumas epístolas às comunidades cristãs asiáticas: à igreja de Éfeso, às igrejas de Magnésia, situada no Meander, à igreja de Trales, às igrejas de Filadélfia e Esmirna e, por fim, à igreja de Roma. O objetivo da carta a Roma era solicitar que os irmãos não impedissem seu martírio, o que aconteceria durante o reinado de Trajano (98-117).
POLICARPO (69 – 159)
Sobre sua infância, família e formação, não temos informações precisas, contudo há documentos históricos sobre ele. Graças a alguns testemunhos fidedignos, podemos reconstituir sua personalidade. Foi discípulo do apóstolo João, amigo e mestre de Irineu, tendo ainda conhecido Inácio, sendo consagrado bispo em Esmirna. Quanto aos seus escritos, o único que restou desse antigo pai da igreja foi a sua epístola aos filipenses, exortando-os a uma vida virtuosa de boas obras e a permanecerem firmes na fé em nosso Senhor Jesus Cristo. Seu estilo é informal, com muitas citações do Velho e do Novo Testamentos.
Faz ainda, 34 citações do apóstolo Paulo, evidenciando que conhecia bem a carta desse apóstolo aos filipenses, entre outras epístolas de Paulo. Há, também, os depoimentos de Euzébio e Irineu, relatando a intimidade de Policarpo com testemunhas oculares do evangelho. Segundo Tertuliano, Policarpo teria sido ordenado bispo pelas mãos do próprio apóstolo João.
O martírio de Policarpo é descrito um ano depois de sua morte, em uma carta enviada pela igreja de Esmirna à igreja de Filomélio. Esse registro é o mais antigo martirológio cristão existente. Diz à história que o procônsul romano, Antonino Pius, e as autoridades civis tentaram persuadi-lo a abandonar sua fé, quando já avançado em idade, para que pudesse ser livre. Ele, entretanto, respondeu com autoridade: “Eu tenho servido a Cristo por 86 anos e ele nunca me fez nada de mal. Como posso blasfemar contra meu Rei que me salvou? Eu sou um crente!”.
JUSTINO, o mártir (100 – 170)
Flávio Justino Mártir nasceu em Siquém, na Palestina, no início do segundo século e morreu mártir no ano de 170. Depois de peregrinar pelas mais diversas escolas filosóficas em busca da verdade para a solução do problema da vida, abandonou o platonismo, ultimo estágio de sua peregrinação filosófica. O amor à verdade fez que ele rejeitasse, pouco a pouco, os sistemas filosóficos pagãos e se convertesse ao cristianismo. Em sua época, foi o mais ilustre defensor das verdades cristãs contra os preconceitos pagãos.
Embora leigo, é considerado o primeiro “pai apologista” da igreja, logo depois dos primitivos, pois dedicou sua vida a difusão e ao ensino do cristianismo. Em Roma, abriu uma escola para o ensino da doutrina cristã e, ainda nessa cidade, dedicou-se ao apostolado, especialmente nos meios cultos, onde se movimentava com desembaraço. Escreveu muitas obras, mas somente três chegaram até nós: duas apologias contra os pagãos e um diálogo com o judeu Trifão. Foi açoitado e depois, decapitado.
IRINEU (130 – 200)
Nascido no ano de 130, em Esmirna, na Ásia Menor (Turquia), e filho de uma família cristã, foi influenciado pela pregação de Policarpo, bispo daquela cidade. Anos depois, Irineu mudou-se para Gália (atual sul da França), para a cidade de Lyon, onde foi presbítero no lugar do bispo que havia sido martirizado em 177.
Além da pregação de Policarpo, Irineu recebeu influência de Justino, cujo ministério foi um elo entre a teologia grega e a latina, junto com um de seus contemporâneos, Tertuliano.
Enquanto Justino era primariamente um apologista, Irineu contribuiu na refutação contra as heresias e na exposição do cristianismo apostólico. Sua maior obra foi desenvolvida no campo da literatura polêmica contra o gnosticismo.
TERTULIANO DE CARTAGO (150 – 230)
Nasceu por volta de 150 d.C., em Cartago, onde provavelmente passou toda a sua vida, embora alguns estudiosos afirmem que ele morasse em Roma. Por profissão, sabe-se que era advogado. Fazia visitas com freqüência a Roma, sendo que aos 40 anos converteu-se ao cristianismo, dedicando seus conhecimentos e habilidades jurídicas ao esclarecimento da fé cristã ortodoxa contra os pagãos e os hereges.
Foi o pai das doutrinas ortodoxas da Trindade e da pessoa de Jesus Cristo. Suas doutrinas a respeito da Trindade e da pessoa de Cristo foram forjadas no calor da controvérsia com Práxeas que, segundo Tertuliano, “sustenta que existe um só Senhor, o Todo-Poderoso criador do mundo, apenas para poder elaborar uma heresia com a doutrina da unidade. Ele afirma que o próprio Pai desceu para dentro da virgem, que Ele mesmo nasceu dela, que Ele mesmo sofreu e que, realmente, era o próprio Jesus Cristo”.
Tertuliano foi o primeiro teólogo cristão a confrontar e a rejeitar com grande vigor e clareza intelectual essa visão aparentemente singela da Trindade e da unidade de Deus. Ele declarou que se esse conceito fosse verdade, então o Pai tinha morrido na cruz, e isso, além de ser impróprio para o Pai, é absurdo.
ORÍGENES (185-254)
Nasceu de pais cristãos em 185 ou 186 da nossa era, provavelmente em Alexandria. Era escritor cristão de vasta erudição, de expressão grega e, inicialmente em sua cidade natal. Estudou letras e aprendeu de cor textos bíblicos com seu pai, que foi morto por ocasião da repressão do Imperador Sétimo Severo às novas religiões.
O bispo de Alexandria passou a Orígenes a direção da Escola Catequética, sendo então sucessor de Clemente. Estudou na Escola neoplatônica de “Ammonios”. Viajou a Roma, em 212, onde ouviu ao sábio cristão Hipólito. Em 215, organizou em Alexandria uma escola superior de Exegese Bíblica. Devido ao seu vasto conhecimento, viajava muito e ministrava ao público nas igrejas.
O fato de se haver castrado por devoção lhe criou dificuldades com alguns bispos, que contrariavam o sacerdócio dos eunucos. Em 232, transferiu-se para a Cesaréia, na Palestina, onde se dedicou exaustivamente aos seus estudos. Sobreviveu aos tormentos de que foi vítima sob o domínio do Imperador Décio (250-252). Posteriormente a esta data, morreu em Tiro, não se sabendo exatamente quando.
Era considerado o membro mais eminente da escola de Alexandria e estudioso dos filósofos gregos. Acreditava que a alma preexiste e está subordinada à metempsicose. Aqui vemos nele uma tese tipicamente pitagórica e platônica, sendo abandonada depois pelo cristianismo oficial. Todavia, é relembrada ainda hoje por aqueles que a defendem como doutrina cristã: os espíritas.
CIPRIANO (200-258)
Tharsius Caecilius Cyprianus. Converteu-se em 246 d.C. e, três anos depois foi nomeado bispo de Cartago, no norte da África.
Durante dez anos, conduziu seu rebanho sob a perseguição do imperador Décio, uma das mais cruéis. Foi também o grande sustentáculo moral e espiritual da cidade de Cartago no período em que esta foi atacada por uma epidemia. Além disso, escreveu e batalhou pela unidade da Igreja.
Seu nome está ligado a uma grande controvérsia a respeito do batismo e da ordenação efetuada por hereges. No entender de Cipriano, essas cerimônias não valiam, pelo fato dos oficiantes estarem em desacordo com a ortodoxia. Assim deveriam ser batizados e reordenados todos os que entrassem pela verdadeira Igreja. Estevão, bispo de Roma, discordou com ele e isso gerou um cisma, uma vez que Cipriano, além de rejeitar a autoridade do bispo romano, convocou um concílio no norte da África para resolver a questão.
Seus escritos consistem em tratados de caráter pastoral e de cartas, 82 ao todo, das quais 14 eram dirigidas a ele mesmo e as restantes tratavam de questões da sua época.
Como mártir, morreu decapitado em 14 de setembro de 258 d.C., durante a perseguição do imperador Valeriano.
EUZÉBIO DE CESARÉIA (265-339)
Incentivado por Constantino, Euzébio fez a narração da primeira história do cristianismo, coroando-a com a sua imperial adesão a Cristo. “A ortodoxia era apenas uma das várias formas do cristianismo, durante o século III, e pode só ter se tornado dominante no tempo de Euzébio”.
Cesaréia foi fundada pelo rei Herodes no século I a.C.em um porto comercial fenício e grego denominado Torre de Straton, Cesaréia foi assim denominada pelo monarca em homenagem ao imperador romano César Augusto. A cidade foi detalhadamente descrita pelo historiador judeu Flávio Josefo. Era uma cidade murada, com o maior porto na costa oriental do Mediterrâneo chamado “Sebastos”, nome grego do imperador Augusto.
JERÔNIMO (325-378)
Erudito nas escrituras e tradutor da Bíblia para o latim. Sua tradução, conhecida como Vulgata, ou Bíblia do Povo, foi amplamente utilizada nos séculos posteriores como compêndio para o estudo da língua latina, assim como para o estudo das Escrituras.
Jerônimo passou a maior parte da sua juventude em Roma, estudando línguas e filosofia. Apesar da história não relatar pormenores de sua conversão, sabe-se, porém, que foi batizado quando tinha entre 19 e 20 anos. Depois disso ele embarcou em uma peregrinação pelo império que levou vinte anos.
CRISÓSTOMO (344-407)
Criado em Antioquia, seus grandes dotes de graça e eloqüência, como pregador, levaram-no a ser chamado à Constantinopla, onde se tornou patriarca (ou arcebispo). Como os outros apologistas, harmonizou o ensinamento cristão com a erudição grega, dando novos significados cristãos a antigos termos filosóficos, como a caridade.
Em seus sermões, defendia uma moralidade que não fizesse qualquer transigência com a conveniência e a paixão, e uma caridade que conduzisse todos os cristãos a uma vida apostólica de devoção e de pobreza comunal. Essa piedosa mensagem, entretanto, tornou-se impopular na corte imperial, e também entre alguns membros do clero de Constantinopla, por isso acabou sendo banido e morreu no exílio.
AGOSTINHO (354-430)
Aurélio Agostinho nasceu no ano de 354, na cidade de Tagaste de Numídia, província romana ao norte da África, atual região da Argélia. Agostinho iniciou seus estudos em sua cidade natal, seguindo depois para Cartago. Ensinou retórica e gramática, tanto no norte da África como na Itália. Ficou conhecido como o filósofo e teólogo de Hipona. Polemista capaz, pregador de talento, administrador episcopal competente e teólogo notável, criou uma filosofia cristã da história que continua válida até hoje em sua essência.
Inspirado no tratado filosófico denominado “Hortensius”, de Cícero, converteu-se em ardoroso pesquisador da verdade, abraçando o maniqueísmo. Com vinte anos, perdeu o pai e tornou-se o responsável pelo sustento da família. Ao resolver que iria para Roma, sua mãe foi contra, então teve de enganá-la na hora da viagem. De Roma, foi para Milão, onde novamente passou a lecionar retórica.
Influenciado pelos estóicos, por Platão e pelo neoplatonismo, também estava entre os adeptos do ceticismo. Em Milão, porém, conheceu Ambrósio, que o converteu ao cristianismo. Depois disso, voltou ao norte da África, onde foi ordenado sacerdote e, mais tarde, consagrado bispo de Hipona. Combateu a heresia maniqueísta que antes defendia e participou de dois grandes conflitos religiosos: o Donatismo e o Pelagianismo. Sua obra mais conhecida é a autobiografia “Confissões”, escrita possivelmente, no ano 400. Em “A cidade de Deus” (413-426) formulou uma filosofia teológica da história.
sábado, 9 de fevereiro de 2008
A FORMAÇÃO DO NOVO TESTAMENTO
As primeiras proclamações a respeito de Jesus foram, provavelmente, simples e diretas. Jesus havia morrido, mas foi ressuscitado dos mortos. Pregações mais elaboradas, como o primeiro sermão de Pedro (At 2.14-36), provavelmente, tenham identificado Jesus como Senhor e Messias e demonstraram como a morte e ressurreição do Messias (Jesus) haviam sido profetizadas pelos profetas. Pregações posteriores também destacaram que Jesus havia morrido para o perdão dos nossos pecados e que ele voltaria novamente em glória para julgar os vivos e os mortos. As proclamações básicas acabaram por ser colocadas na forma de pequenos credos, ou seja, recitações dos aspectos essenciais da fé em Jesus. Esses credos eram incluídos em sermões usados para ensinar os novos convertidos e, provavelmente, recitados nos batismos. Eles podem também ter sido usados na adoração.
Nada a respeito de Jesus foi escrito nas primeiras décadas depois da sua vida na terra, e muitas razões para isso devem ter existido. Em primeiro lugar Jesus não deixou nada escrito e nunca instruiu aos seus seguidores que escrevessem a seu respeito. Além disso, os primeiros seguidores de Jesus não se consideravam como parte de uma nova religião que precisava das suas próprias Escrituras. Eles eram, na sua maioria, bons judeus que aceitavam as Escrituras em hebraico e criam que Jesus era o cumprimento delas, o Messias prometido pelos profetas. Quando os gentios (não-judeus) começaram a seguir a Jesus, eles adotaram o judaísmo como a sua religião.
A razão principal para não escrever, entretanto, pode ter sido bem prática. Os primeiros cristãos criam que Jesus voltaria num futuro imediato. Portanto, eles não viram nenhuma razão para escreverem qualquer coisa. Eles podiam manter vivas as tradições a respeito de Jesus oralmente durante o curto período até que ele retornasse novamente em glória para julgar os vivos e os mortos e para tornar completo o seu Reino.
DE SERMÕES A CARTAS
Paulo, que escreveu a maior parte das cartas do NT, dependia bastante dessas cartas para complementar o seu ministério. Como ele viajava muito, fundando igrejas por todo o Império Romano, as cartas permitiam que ele ministrasse em mais de um lugar ao mesmo tempo. Enquanto pregava em uma cidade, ele escrevia para congregações distantes e pastores, geralmente com a intenção de que suas cartas fossem lidas em voz alta durante as cerimônias de adoração e, ocasionalmente, que circulassem em outras igrejas (Cl 4.16).
ESTRUTURA DE UMA CARTA
OS EVANGELHOS
A palavra “evangelho” é uma transliteração da palavra grega euangelion, que significa “boa notícia”. A palavra grega era usada em épocas antigas para fazer referência ao nascimento de um imperador-deus. No AT, o termo equivalente em hebraico era usado para anunciar a nomeação de um rei (1Rs 1.24), o nascimento de um filho (Jr 20.15) e uma vitória em batalha (1Sm 31.8-10).
O Evangelho de Marcos pode ter sido o primeiro a ser escrito, pois parece ter servido como uma fonte para os Evangelhos de Mateus e Lucas.
Os três primeiros Evangelhos são tão semelhantes que foram chamados de Evangelhos Sinóticos (semelhantes). Estudiosos, freqüentemente, examinam esses Evangelhos lado a lado para estudarem a relação entre eles e com a hipotética “fonte Q”. Questões que surgem dessas comparações são chamadas pelos estudiosos de “problema sinótico”
O Evangelho de João, como os outros três, deve ter passado quase que certamente por três estágios de desenvolvimento. Primeiro, havia relatos de testemunhas oculares que conheceram Jesus. Segundo, esses relatos foram organizados conforme as necessidades da Igreja primitiva ou das comunidades cristãs. Por fim, uma pessoa dessas comunidades reformulou esse material numa forma escrita procurando a melhor maneira de atender às necessidades dos seus primeiros leitores.
OS PAIS APOSTÓLICOS
Desde o século XVII, escritores antigos que conheciam alguém que conhecia Jesus foram chamados de Pais Apostólicos.
Na época dos Pais Apostólicos (fim do primeiro século e início do segundo), todos os livros do NT, provavelmente, já haviam sido escritos, mas ainda não eram considerados como Escrituras da mesma forma que o AT. Na verdade levaria mais dois séculos até que o Cânon do NT fosse estabelecido de forma definitiva.
Alguns Pais Apostólicos:
§ Clemente de Roma;
§ Inácio de Antioquia;
§ Policarpo;
§ Justino Mártir;
§ Irineu;
§ Tertuliano de Cartago;
§ Orígenes;
§ Cipriano;
§ Eusébio de Cesaréia e etc...
DEFININDO O NOVO TESTAMENTO
Não há uma forma simples de explicar como os cristãos escolheram os 27 livros do NT. Foram dois séculos de debate entre líderes da Igreja.
Até o ano 300, quase todos os versículos do NT haviam sido citados nas mais de 36000 citações dos Pais da Igreja. Apenas 11 versículos não foram citados.
Entretanto, não foram os líderes da Igreja que resolveram a questão. No final, eles apenas confirmaram uma decisão que a Igreja como um todo havia tomado de forma gradual.
Obs: Não havia no cristianismo uma instituição que colecionasse os textos considerados sagrados, o que influenciou na demora do reconhecimento dos mesmos.
PORQUE DEFINIR UM CÂNON DO NT?
§ Para a leitura nas igrejas;
§ Para definir o legado doutrinário dos apóstolos.
HOMOLOGOUMENA (Livros aceitos por todos)
A grande maioria dos livros – 20 dos 27 – foi aceita logo de início pela Igreja, sem objeções. Todos os Pais da Igreja defendiam sua canonicidade.
ANTILEGOMENA (Livros questionados por alguns)
§ Hebreus;
§ Tiago;
§ 2Pedro;
§ 2 e 3João;
§ Judas e
§ Apocalipse.
PSEUDOEPÍGRAFOS (Escritos falsos)
Receberam esse nome por seu conteúdo espúrio e herético. Em geral abrangiam erros gnósticos, docetas e monofisistas. Diziam esclarecer mistérios não revelados nos livros canônicos e foram acatados por seitas heréticas.
§ Livro da Infância do Salvador;
§ O Evangelho segundo Tomé;
§ Os Atos de Pedro;
§ Os Atos de Paulo e Tecla;
§ Apocalipse de Pedro.
APÓCRIFOS (Aceitos por alguns)
Bibliografia:
§ Miller, Stephen M. e Huber, Robert V.; A Bíblia e sua história, Barueri, SP: Sociedade Bíblica do Brasil, 2006.
§ Barcellos, Professor Daniel F. de; Apostila de História da Bíblia III; 1º semestre de 2007/Faculdade de Teologia Wittenberg
A FORMAÇÃO DO ANTIGO TESTAMENTO
O cânon é o resultado de um acrescentamento gradual. Não foi a autoridade eclesiástica que o criou; o que ela fez foi formalmente sancionar e fixar aquela coleção de escritos, que vinham sendo reconhecidos como divinos.
Há 24 livros no cânon hebreu. Esses livros são divididos em três partes: Lei (Tora), Profetas e Escritos. Algumas pistas da história sugerem que o povo judeu levou séculos para definir os 24 livros que foram incluídos em sua Bíblia, desde aproximadamente 600 a.C. até o primeiro século d.C.
Vem primeiramente a Lei, e essa prioridade (indicando um processo gradual de canonização) é confirmada pela reverência excepcional que, em todos os tempos, os judeus dedicaram a esta parte dos seus sagrados escritos (Sl 119).
É certo que Esdras teve alguma parte na formação do Cânon. Mas como o Cânon inclui os livros de Esdras e Neemias, deve tê-lo deixado incompleto.
A leitura do evangelho torna evidente que o Cânon estava completo muito antes do ano 90 (A.D.). Não é preciso falar aqui da reverência que Cristo e os seus apóstolos votaram às Escrituras do AT, nem dizer até que ponto, ou por citações ou por alusões, as mesmas Escrituras se difundem no NT.
ORGANIZANDO O ANTIGO TESTAMENTO
O AT protestante é idêntico à Bíblia hebraica, embora os livros sejam organizados de forma diferente. Na Igreja Católica Romana e nas Igrejas Ortodoxas Orientais, o AT inclui vários outros livros antigos de autoria judaica. Esses livros adicionais, conhecidos como Apócrifos ou Deuterocanônicos, apareceram numa das primeiras traduções gregas dos escritos sagrados dos judeus, mas os judeus logo decidiram não mantê-los em sua Bíblia. Os protestantes, mais tarde, seguiram a mesma decisão e os mantiveram fora da sua Bíblia.
Uma passagem bíblica que pode ter influenciado os judeus na hora de decidir quais livros proféticos tinham a aprovação de Deus é Dt 18.22.
As Escrituras hebraicas (24 livros)
-----------------------------------------------------------
A Lei
---------
Gênesis
Êxodo
Levítico
Números
Deuteronômio
------------------------
Os Profetas
------------------------------------
Profetas Anteriores
---------------------------------
Josué
Juízes
Samuel
Reis
-----------------------------------
Profetas Posteriores
-----------------------------------
Isaías
Jeremias
Ezequiel
Os Doze (uma coleção que inclui Oséias, Joel, Amós, Obadias, Jonas, Miquéias, Naum, Habacuque, Sofonias, Ageu, Zacarias e Malaquias)
---------------------
Os Escritos
---------------------
Salmos
Jô
Provérbios
Rute
Cântico dos Cânticos
Eclesiastes
Lamentações
Ester
Daniel
Esdras-Neemias
Crônicas
Ageu
Zacarias
Malaquias
O AT Protestante (39 livros)
-----------------------------------------------------------
História
---------------
Gênesis
Êxodo
Levítico
Números
Deuteronômio
-------------------------
Josué
Juízes
Rute
1,2Samuel
1,2Reis
1,2Crônicas
Esdras
Neemias
Ester
------------
Poesia
------------
Jó
Salmos
Provérbios
Eclesiastes
Cântico dos Cânticos
---------------
Profecia
----------------
Isaías
Jeremias
Lamentações
Ezequiel
Daniel
Oséias
Joel
Amós
Obadias
Jonas
Miquéias
Naum
Habacuque
Sofonias
LIVROS QUE NÃO FORAM ACEITOS
Apócrifos
A Vulgata Latina, a Bíblia da Igreja Romana, contém em adição aos livros do Cânon hebraico os seguintes: Tobias; Judite; Ester 10.4 a 16.24; a Sabedoria de Salomão; a Sabedoria de Jesus Ben Siraque ou o Eclesiástico; Baruque; o Cântico dos três Meninos, a História de Susana, Bel e o Dragão, adicionados ao livro de Daniel; a Oração de Manasses, e 3º e 4º de Esdras, colocados no fim do NT; (o 1º e 2º de Esdras da Vulgata são os livros canônicos de Esdras e Neemias); e 1º e 2º dos Macabeus.
O termo “Apócrifo” significa “oculto” e designa propriamente livros que tratam de coisas secretas, misteriosas, ocultas. Livros de um caráter apocalíptico, tratando dos mistérios e do mundo espiritual, e revelando de maneira simbólica e alegórica o futuro de Israel.
VERSÕES DO ANTIGO TESTAMENTO
Texto Massorético – Em virtude do trabalho dos massoretas e dos seus predecessores, desde o fim do primeiro século em diante, o texto hebraico foi transmitido como que por um canal para isso preparado e livre da possibilidade da corrupção. Deram-nos com extraordinária fidelidade o que receberam.
Targum – Quando voltaram do cativeiro babilônico, os judeus tinham em grande parte perdido o uso da sua própria língua. Era, portanto, necessário ler-lhes não só as Escrituras no original, como também dar a verdadeira significação do texto (Ne 8.8).
Septuaginta – Versão também chamada dos “Setenta”, foi a primeira tradução da Bíblia, feita no Egito por judeus de Alexandria a pedido do rei Ptolomeu II – os primeiros cristãos usavam a Septuaginta quando se referiam à Bíblia hebraica. No NT, que foi escrito em grego, quase todas as citações das antigas Escrituras são tiradas da Septuaginta.
Bibliografia:
§ Miller, Stephen M. e Huber, Robert V.; A Bíblia e sua história, Barueri, SP: Sociedade Bíblica do Brasil, 2006.
§ Angus, Joseph; História, Doutrina e Interpretação da Bíblia, São Paulo: Hagnos, 2004