sábado, 26 de janeiro de 2008

TRADIÇÃO ORAL

No princípio não havia palavra escrita. Havia somente a palavra falada, e, conforme registrado posteriormente no livro de Gênesis, Deus criou o universo falando palavras no vazio. Os primeiros adoradores de Deus não podiam escrever os seus pensamentos sobre Deus ou as suas experiências com ele, mas podiam falar a respeito delas e, isso, eles fizeram. Muito antes de terem inventado o seu próprio sistema lingüístico e mesmo depois de sua invenção, os hebreus contavam e recontavam suas histórias, muitas das quais foram posteriormente registradas na Bíblia.

As histórias não eram o único tipo de material passado adiante pelos contadores de histórias. Havia também provérbios, orações, poemas líricos, cânticos, leis, etc.

A ESCRITA

Enquanto os hebreus passavam a sua cultura adiante de boca em boca, os primeiros sistemas de escrita do mundo estavam entrando em uso. Na Mesopotâmia (atual Iraque), onde Abraão recebeu o chamado do Senhor, um tipo de escrita chamada de CUNEIFORME estava sendo usada. No Egito, onde descendentes de Jacó trabalhavam como escravos, estavam em uso os HIERÓGLIFOS.

Escrita Cuneiforme (forma de cunha)





Hieroglífica (hiero «sagrado», e glyfus «escrita»)



A ESCRITA EM HEBRAICO

Assim que os hebreus se estabeleceram em sua nova terra, depois de 40 anos no deserto, eles desenvolveram seu sistema próprio de escrita adaptando o alfabeto fenício para a sua própria língua. Isso, provavelmente, não tenha sido difícil, porque o hebraico, assim como o fenício (e o ugarítico), é uma língua cananéia que, junto com o aramaico, forma o grupo de línguas conhecido como o semítico ocidental.

Todos os livros do AT foram escritos em hebraico, com exceção de alguns poucos capítulos e versículos. Mas, apesar de esses livros terem sido escritos num período de aproximadamente 1000 anos, a diferença entre os textos mais antigos e os mais novos é muito pequena. Isso é surpreendente, porque a maioria das línguas muda constantemente.

MATERIAIS USADOS

Papiro

Cerca de 3000 anos a.C., os egípcios descobriram que poderiam fazer papel das tiras da medula suave e mole que ficava dentro dos caules do papiro, cujos caniços altos e finos cresciam em moitas espessas às margens do rio Nilo.

O papiro foi o primeiro material leve, de baixo custo e durável para escrita. Isso lhe garantiu uma posição importante na história da Bíblia. Muitas das cópias mais antigas dos livros da Bíblia, incluindo alguns dos rolos do mar Morto de mais de 2000 anos de idade, sobreviveram em papel feito de caniços de papiro.
Pergaminho

Algum tempo antes do ano 500 a.C., uma nova superfície para escrita começou a ser desenvolvida em Pérgamo, uma cidade da costa ocidental da Ásia Menor (onde, hoje, é a Turquia). Chamado de pergaminho por causa da cidade onde foi desenvolvido, esse produto era feito de pele de animais. A pele de praticamente todos os animais – cabras, cervos, coelhos e esquilos – podia ser usada para fazer pergaminho.

O pergaminho era mais claro que o papiro e muito mais flexível. Depois de usado, podia ser raspado e usado novamente.

A FORMAÇÃO DO CÂNON

Conceito de Cânon

Cânon (em hebraico “ganeh”, que significa regra, régua para medir – Ez 40.5) é a coleção completa dos livros divinamente inspirados, constituindo a Bíblia.

Os cristãos do II século denominavam os ensinos sagrados da seguinte maneira: “o cânon (regra) da Igreja”, “o cânon da fé”, “o cânon da verdade”. Estas expressões nos fazem compreender porque os Pais da Igreja utilizavam a palavra para designar tudo quanto serve de fundamento à religião, regra da fé e da verdade e por fim o livro que contém as normas diretivas para uma correta vida cristã.

Critérios que determinaram a inspiração de um livro

Avocação – O livro precisava chamar pra si a autoridade divina, como se o próprio Deus tivesse mandado fazer o registro pra posteridade (Jr 30.2);

Autoria Profética – Quem escreveu? Que autoridade tinha? Se o autor não fosse um reconhecido mensageiro de Deus o livro era rejeitado;

Confiabilidade – Erros históricos ou doutrinários pesavam contra a confiabilidade do livro;

Natureza Dinâmica – O texto deveria ser um instrumento de transformação de vidas (2Tm 3.16);

Aceitação – O texto deveria ter sido bem aceito por aqueles a quem foi originalmente destinado, pois, se o povo de Deus na época não o aceitou, que condição teríamos nós de aceitá-lo?

Bibliografia:
Miller, Stephen M. e Huber, Robert V.,
A Bíblia e sua história,
Sociedade Bíblica do Brasil, 2006.